Tesla e a condução autónoma
A Tesla anda na boca do mundo pelos seus carros serem eléctricos, mas eu digo mais, os carros da Tesla são tudo menos eléctricos e já explico porquê.
É um facto que a dependência pelos combustíveis fósseis tem realçado muito a componente eléctrica na indústria automóvel, onde a Tesla está claramente um passo à frente, não só pela autonomia que os seus carros têm quando comparados com outras marcas automóveis, como também pela tecnologia utilizada (onde, por exemplo, entram os superchargers que permitem um carregamento muito mais rápido).
Tesla’s 10000th Supercharger is now open in Belleville, Ontario: https://t.co/lqJMwRaxxH pic.twitter.com/E4iY4vfAiH
— Tesla (@Tesla) 9 de junho de 2018
Obviamente o facto de termos uma alternativa aos combustíveis fósseis é importante para o nosso planeta e, ao mesmo tempo, é dado o passo que força a mudança.
Contudo, não me parece que esta seja a solução para o futuro, não só porque tem ainda muitas limitações, tais como a autonomia dos veículos, o tempo de carga e, talvez mais importante, os custos para o ambiente na produção das baterias (matéria-prima utilizada) e no momento da sua reciclagem (no fim de vida), o que faz com que seja um alto preço a pagar comparativamente com o benefício.
Como referi, este foi só o primeiro passo na mudança de paradigma e tenho a certeza que a alternativa ideal será encontrada a curto prazo (com o recurso, por exemplo, ao hidrogénio), e por isso eu digo que estes carros são tudo menos eléctricos.
Tesla, condução autónoma 2.0
Muito se fala da tecnologia já utilizada de apoio à condução, mas para mim o mais importante é mesmo a condução autónoma.
É certo que ainda tem muito caminho a percorrer, a prova disso foram os recém noticiados acidentes a envolver um carro UBER (aqui uma clara responsabilidade da condução autónoma) e outro com um carro da Waymo – Google (neste caso, embora não sendo o causador do acidente, existe a ideia que se fosse um condutor poderia ter sido evitado), mas nisso a Tesla está seguramente à frente (não estando, obviamente, imune a este tipo de acidentes).
E se pensarmos o quanto a indústria automóvel evoluiu nos últimos 20 anos, é claro que todas as grande marcas se encontram em maus lençóis (prova disso é que nos acidentes que mencionei, nenhuma das grande marcas automóvel está sequer nesse patamar)..
É certo que houve uma evolução positiva, no campo da segurança, por exemplo, nos extras que melhoram o conforto a bordo, mas nada verdadeiramente de disruptivo na indústria automóvel (a exceção da Tesla).
Os nossos filhos não vão ter carta de condução
Mas voltando ao tema, com amadurecimento da condução autónoma e a criação legislação que possibilite que esta se torne uma realidade, veremos o mundo, tal como o conhecemos, mudar por completo.

Tesla CEO Elon Musk claims a new Tesla software update is coming in August that will bring more autonomy to Autopilot. Musk tweeted early Sunday morning about Tesla Version 9.0 including major updates for Autopilot 2.0.
Talvez os nossos filhos nunca venham a tirar carta de condução, que sempre foi algo com que qualquer um de nós sonhou ainda antes dos 18 anos. Com um simples smartphone poderão interagir com o ok Google ou com a Siri dizendo apenas: “Uber estou a sair e preciso de ir ter com os meus amigos ao Bairro Alto. Vem-me buscar, como um verdadeiro Knight Rider.”
Associado a este facto existem tantas vantagens como desvantagens. Por um lado os acidentes serão reduzidos ao mínimo, não haverá mortes em função de acidentes de viação (ou o número será diminuto por comparação), a autonomia da sociedade será reforçada, quem não pode ter carro ou não tem carta de condução terá sempre uma solução para se deslocar, a poluição diminuirá substancialmente, não só pelo recurso a combustíveis alternativos, mas também, pela existência de um menor número de carros.
Por outro lado, haverá uma profunda alteração na economia mundial: em vez de termos dois ou três carros em cada casa, não teremos nenhum, pois sempre que precisemos, poderemos contratar o serviço. Este facto levará a uma redução muito significativa da produção da indústria automóvel e, consequentemente, à existência de menos fábricas e de maior desemprego no sector.
E não ficamos por aqui: haverá ainda uma redução no número de oficinas existentes, uma vez que passaremos a ter menos carros e com tecnologias que requerem menos manutenção, e ao estarem apetrechados com uma condução autónoma reduzirá claramente a ocorrência de acidentes.
Também as seguradoras verão o seu negócio alterado. Sendo hoje o seguro automóvel uma das principais fontes de receita destas empresas, existindo menos carros e sendo estes mais autónomos, haverá uma substancial redução da receita e do risco, logo os preços dos seguros terão de acompanhar estas reduções.
Como digo, os Tesla são tudo menos elétricos, estando à vista uma verdadeira revolução e mudança de paradigma do nosso tempo.