Passados pelo menos 6 anos a massificar a Internet,
é tempo de ser feito um balanço e uma análise da sua evolução.
…”assistiu-se no Estados unidos ao boom das chamadas Dotcom e também ao seu declínio”…
Embora tenha sido anunciada como uma nova forma de fazer negócios, nos Estados Unidos, por exemplo, assistiu-se ao boom das chamadas Dotcom, mas também, na maior parte dos casos, ao seu declínio.
Passada a “tempestade”, hoje poderemos afirmar que a Internet veio sobretudo beneficiar a chamada “velha economia”, pois se é verdade que algumas empresas vingaram na “nova economia”, estou a lembrar-me da Amazon, Google, etc., na realidade, foram as empresas da velha economia que mais beneficiaram, na medida em que ganharam um novo canal de distribuição que lhes permite chegar a um maior número de consumidores, quebrando as barreiras geográficas e com custos bastante inferior aos canais tradicionais.
Ainda assim, uma boa parte das Empresas portuguesas da “velha” economia – lembram-se? aquelas que saíram beneficiadas com a Internet – ainda não acordaram para esse beneficio.
Basta ver o que é veiculado pelos Media, passado mais um natal, onde de tradição só sobressaí o consumo, as compras online até tiveram direito a tempo de antena. Assim, em 2004, mais do que em qualquer outro ano, as vendas online registaram crescimentos de 50%, relativamente a 2003. Não obstante este facto, se pensarmos nas lojas online que conhecemos, rapidamente concluímos que a oferta em Portugal é muito reduzida e o serviço aí prestado é bastante fraco e pouco se salvaguarda o consumidor.
Do meu ponto de vista, não há nenhum site de referência para compras online em Portugal (refiro-me a um site português), há apenas um conjunto de empresas da velha economia que se dignou a fazer umas páginas, com a imagem da sua empresa e as descarregou na World Wide Web para poder dizer que está lá.
Posso até concordar que o fraco volume de vendas deste canal não seja atractivo e consequentemente, limite os investimentos das empresas nesta área, mas seguramente, sem as empresas tomarem a iniciativa, os Utilizadores/Clientes, dificilmente virão ao seu encontro. É, portanto, necessária uma simbiose para o sucesso do canal.
Os poucos sites existentes, e nem se quer falo do termo “usabilidade”, pois é ainda uma palavra desconhecida, não têm oferta suficiente, isto é, se uma determinada |
empresa têm 5 modelos do mesmo produto, na Internet só temos acesso a ver um ou dois. Não temos acesso a outros produtos que a mesma marca terá e que até, eventualmente, estarão disponíveis na loja física dessa empresa. Dos produtos disponíveis, uma grande maioria não tem informação suficiente essencial à compra. Além do mais, na esmagadora maioria dos sites, não há qualquer garantia de stock do produto que pretendemos e muito menos de prazos de entrega, já para não falar nos custos elevados dos portes de envio.
Nesta época natalícia que passou, foi curioso fazer um comparativo entre sites portugueses e sites estrangeiros que têm a operativa montada para facilmente venderem para Portugal. Posso dizer-vos que foi frustrante ver o anuncio num dos sites portugueses que, encomendas feitas após o dia 21 de Dezembro não tinham qualquer garantia de entrega antes do natal e num desses sites estrangeiros, anunciarem com grande destaque que, encomendas feitas até ao dia 22 de Dezembro, tinham a garantia de entrega até dia 24. Se a isto adicionarmos o facto dos preços nesses sites estrangeiros, serem em muitos casos, 30% a 40% inferiores aos praticados em Portugal, facilmente constatamos que não há concorrência.
Em Portugal as empresas continuam a não apostar neste importante canal de distribuição e isso vê-se não só pelos seus sites, mas também por não praticarem preços diferenciados da loja física para a loja virtual, (a empresa poupa em termos de custos e não passa qualquer dessa vantagem ao cliente), por não se estabelecer uma rede eficaz de entregas (nem portes reduzidos, nem rapidez na entrega). |
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Meus amigos, assim não vamos lá. |
A oportunidade que a Internet veio trazer ao nosso país de se evidenciar e ganhar avanço económico face ao outros países, nós olhamo-la de lado como senão tivesse nada a ver connosco. As empresas estrangeiras ganharam uma oportunidade de entrar no nosso mercado sem sequer terem necessidade de se estabelecerem no país.
É certo que o problema vem de trás. Quando se passa o tempo a discutir uma falsa liberalização das telecomunicações em vez de se discutir a melhor forma de disponibilizar o acesso à Internet, massificando assim os utilizadores e permitir que este motor económico progrida, está tudo dito.
Até posso admitir que, nalguns casos, os investimentos apenas tenham retorno num prazo mais alargado, mas ainda assim, têm de se mentalizar que, mais cedo ou mais tarde, este será o principal canal de negócios, e as empresas estrangeiras já estão aí.
Ontem (11/04/2005), ouvi a notícia que a União Europeia vai produzir um conjunto de Directivas que incentivam ao uso de Internet de Banda Larga sobre a Rede Eléctrica, já conhecida como POWERLINE que, praticamente, chega a todo o lado, contribuindo assim para um novo incremento na massificação da Internet. Vamos ver quanto tempo leva Portugal a adaptar-se a esta nova realidade …